Cabelo Brasileiro | Wilson Eliodorio

Mah / 23 nov,2017 /ETC

1985, eu adolescente, pseudoartista, enlouquecia com  belezas como Caeteno, Gal; na novela Selton Mello tinha o cabelo comprido e cacheado, e eu com meu cabelo 4A. Resolvi deixar crescer e conhecer quem era esse cara que nascia em mim, mas que era diferente das referencias que eu tinha. Foi uma relação de amor e ódio. Amor porque ele era lindo e ódio por que ele caiu…

O cabelo se foi, mas o amor ficou!

Corta pra 1995, comecei a trabalhar com beleza e, rapidamente, percebi a ausência de modelos negras e muito menos cacheadas ou crespas. As que passaram por mim, foram incentivadas a parar de alisar, a descobrir a entender e me deixar entender além de cuidar deste cabelo tão lindo e especial.

Mas não seria tão simples, o mercado era resistente, a beleza era lisa!

Em 98 ganho meu primeiro prêmio de beleza, com uma matéria com 2 negras, foi um sinal.

Experimentação e persistência .

Pouquíssimas as marcas destinadas a este tipo de cabelo, os produtos eram oleosos, pesados e pensados para os fios relaxados e absolutamente sem volume; além da resistência das clientes e mercado. Elas se sentiam descabeladas, desarrumadas e na contra partida surge a progressiva em 99 e vira paixão nacional. Todo mundo é liso. Que desespero!

Seguimos tentando, 2006 surge uma mulher na minha vida, Tais Araújo. Depois de muito papo e provando a ela que os tratamentos feitos até então, não faziam bem nem a ela, nem ao cabelo. Finalmente ela disse: Eu topo!

Descobrimos, cortamos, fomos aos poucos e ele foi surgindo, lindo, florescendo, mostrando sua personalidade forte e presente.

Junto com ela, todo um movimento pelo Brasil a fora de mulheres descobrindo e aceitando esse cara, esse cabelo orgânico, cheio de mistérios, entrelaces e caracóis.

E estamos descobrindo que nosso cabelo, assim como nossa beleza, são únicos. Fios, texturas e volumes que só existem no Brasil. Eu gosto de chamar de CABELO BRASILEIRO .
Esse fio miscigenado, que recebeu até tabela de curvatura e calendário de tratamento, é um experimento diário que traz sempre boas noticias.

Este momento é de celebração, a indústria olha por nós, nossos cachos crespos brasileiros são invejados e copiados pelo mundo. Aprendemos a trocar informações, que ele gosta de produtos e a gente gosta dele. Portanto compramos produtos e como compramos a industria gosta da gente…  TIM TIM!!

Era pra falar de aceitação, então mundo: ACEITA!

GOSTAMOS DE SER BRASILEIROS, GOSTAMOS DE SER CRESPOS, GOSTAMOS DE VOLUME E

GOSTAMOS DE CABELO!!

ACEITA QUE DÓI MENOS.

Foto Juliana Coutinho @jucoutinho

Wilson Eliodorio
Beauty Artist
@w.eliodorio
www.wilsoneliodorio.com.br

Postado em ETC

2 comentários em “Cabelo Brasileiro | Wilson Eliodorio

  1. Sofri 30 anos com todos os produtos existentes no mercado para alisar, relaxar os cabelos, só não fiz progressiva pois aquele cheiro de formol bloqueava minha glote só de passar na porta do salão que frequentava !! E como todas, foi uma batalha perdida!! Hoje, com 47 anos digo, demorou mas consegui e quem me pede opinião eu digo, sai fora da química !! E digo mais, se pudesse voltar no tempo diria para mim mesma, nunca, jamais e em tempo algum não ALISE seus cabelos !! Bjs e obrigada pela oportunidade …

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