Olá pessoas lindas! Vamos tirar a poeira deste blog? E resolvi fazer isso com um especial “Semana da Consciência Negra”. Onde cada dia um convidado escreverá sobre assuntos pertinentes que nos rodeiam. Pessoas negras que admiro demais e que aceitaram participar com todo o carinho.
Para o post de abertura nada mais natural do que eu mesma escrever. Então vem comigo!
Eu, quando comecei a trabalhar, não era nenhum pouco engajada nas causas raciais. Sempre soube que existe racismo, sempre me entendi como mulher negra, mas não me aprofundava no assunto; não via as lacunas a serem preenchidas nesta sociedade, a herança que veio comigo.
Se lembram daquele filme 12 Anos de Escravidão? Então, eu já tinha começado a ler mais e estudar sobre minhas raízes, mas ficava apenas na leitura. Fui ao cinema com meu namorado assistir e não consegui ficar 30 minutos lá dentro. Eu comecei a chorar copiosamente e esconder o rosto atrás das mãos pedindo para Baby me tirar dali. Sthefano, que é branco, ficou completamente sem reação, me tirou do cinema e pediu mil vezes desculpas por querer assistir o filme comigo.
O que aconteceu comigo naquele momento? Eu simplesmente SENTI aquela dor. Eu senti que estava apanhando junto, eu senti que era com algum familiar meu. A FICHA CAIU. Depois disso fiquei mais lúcida e li uma constatação que me deixou pior ainda: Lembra no colégio quando a professora pedia para você falar a sua descendência? O povo falava “Sou descendente de italianos!” “Sou descendente de espanhóis” “Sou descendente de uruguaios”. Pois então! Eu só sabia o estado que meus avós nasceram e fim. Hoje eu sei o motivo de não ter o conhecimento da região ou países dos antepassados… eram escravos! A minha história foi roubada. A partir do momento que tiraram negros de suas terras, trouxeram para o Brasil e os escravizaram, eu perdi a minha ancestralidade. Eu perdi ali a minha história. De onde eu vim? Qual a minha mistura? Alguma bisa ou tataravó minha sofreu estupro? A qual povo eu pertenço na África?
Pois com esta lucidez eu passei a me posicionar, sempre que julgo necessário, em minhas redes. Ler, assistir vídeos, filmes, conversar com diversas pessoas, aprender, escutar, aprender e escutar mais e mais. Isso fez com que eu entendesse tudo que entendo hoje. E ainda tenho MUITO para aprender. Sou rasa, confesso, mas quando a gente se abre para aprender, tudo fica mais fácil.
Se entender como negra para mim é uma coisa, mas entender minha negritude (ancestralidade, heranças…) foi um processo que hoje me sinto confortável e aberta para falar.
Obrigada para quem esperou por este momento. Estamos aqui juntos e juntas.
Beijos
Mah
Olá. Bem verdade que quanto mais nos aprofundamos nessas questões, quanto mais conhecimento, não dá pra ficarmos neutras diante de tudo isso, que é a nossa história, são nossas origens. Esse filme é um choque, é uma surra. Eu fiquei muito mal quando assisti. Foram 12 anos resumidos diante do público em poucas horas. Agora imagine a vivência de cada dia durante esses 12 anos? Agora imagine quantas vidas inteiras dessa realidade multiplicada por milhões de seres humanos ao redor do globo naquela época? Ainda somos obrigados a ouvir que queremos privilégios as custas de um passado distante!! Bom, não vou ficar aqui enumerando as diversas mazelas!! Quero apenas parabenizar seu trabalho e sua postura. Bjos