Já faz um tempo que eu me tornei uma grande admiradora das tempestades de final de dia. Sabe aquelas de verão, que vem após um dia quente e deixa o céu todo tomado por nuvens pesadas, escuras, de dar medo? Pois é. Essas!
Antigamente eu tinha pavor de ver o céu assim. As mulheres da casa, mamãe e vovó, também colaboraram pra esse medo crescer. Era um tal de “tira tudo da tomada!”, “não fica descalça!”, “não pode olhar no espelho por causa dos relâmpagos!” e muitas outras frases ditas com a voz em alerta. Não tinha como não temer! Tempestade era momento de medo e sensação de quase-morte.
Acontece que nós crescemos, a vida girou, vovó já não está entre nós e tantas “lendas urbanas” daquele tempo ficaram pra trás… Algumas porque descobri que eram totalmente infundadas, outras porque ela levou consigo quando partiu. Mas as tempestades… Essas ainda me davam medo. Até o dia que parei para observá-las melhor…
É muito engraçado como a natureza é grandiosa e nos ensina tanto, mas tanto, que a maioria das lições passam despercebidas, não é mesmo? A tempestade é uma delas. Sempre reagimos com raiva, com tristeza, com medo, como se o ato de chover fosse quase uma ofensa dos céus. Mas olhando de perto, na verdade, é uma das lições mais importantes da vida, uma vez que nós também chovemos o tempo todo.
A chuva nada mais é do que o ciclo da água em movimento. Somos feitos de água, a vida é feita de água… Logo: ela representa nossos próprios ciclos. Pensa comigo: quantas vezes algum problema já lhe acometeu de tal forma que os pensamentos pareciam turvos? Sabe quando parece que algo na vida não tem saída? Então… Muitas vezes chamamos de “fundo do poço”. Eu passei a chamar de “cumulus nimbus”, que é o nome científico das “nuvens pesadas” que antecedem as chuvas. Porque no fundo, é isso mesmo: problemas que te tomam, te deixam com aquela aflição que te impedem de ver teu céu azul, tua solução.
Então, geralmente, é o momento em que não aguentamos e choramos. Quer seja com uma amiga, quer seja no nosso travesseiro, com a família… Nós simplesmente esmorecemos e choramos! Com aquele alívio do pós choro parece que os pensamentos até começam a ficar mais nítidos, não dá pra explicar. Mas algo tem que ser feito e assim, após um período de desespero e choro, nos colocamos a resolver. Independente do tempo que levamos para solucionar, o fato, é que em algum momento aquele problema que parecia aterrador simplesmente some! Percebeu que é igualzinho às nuvens negras que tanto nos apavoram? Pois é. Ou os problemas são resolvidos, ou eles vão diminuindo de tamanho e importância, ou são substituídos por fatos mais relevantes, enfim: em algum momento, aquilo que te afligia simplesmente toma outra dimensão, até sumir.
Se você pensar bem, olhar um pouco pra tua vida e para o tanto de coisas que você já passou, vai perceber duas coisas muito bacanas: a primeira é que você sobreviveu a 100% dos teus dias ruins até aqui. Parabéns! A segunda, é que você também sobreviveu a todas as tempestades que já presenciou na tua vida, desde a infância até agora. Olha que lindo! Então… Se as tempestades passam e os problemas com o tempo se resolvem… Por que temer a ambos?
Quer uma dica? Nas próximas chuvas pesadonas, quer seja no céu ou dentro de ti, pega tua xícara favorita, faz um chá (ou um chocolate, ou um café, enfim… Coloque tua bebida confortável favorita), sente-se em um lugar aconchegante e apenas observe. Olhe atentamente… Não tem como escapar: VAI chover. Então deixe que chova! Logo mais, quando tudo isso se for, dias de sol estarão prontinhos a esperar. Esse é o ciclo da natureza. Esse é o ciclo da vida! Acalma teu coração, tua mente, observe quantas lições incríveis recebemos todos os dias… E siga em paz.
Namaste.